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Embaixada Copa Lord: Análise do Enredo e Samba 2024 - Por Sandro Roberto
Geral
Publicado em 04/02/2024

A escola de samba Embaixada Copa Lord apresentará o enredo “Praça XV, Paulo Fontes e Nego Quirido. Um manifesto pelas Escolas de Samba” de autoria de Willian Tadeu, que também já teve passagem por outras agremiações do carnaval de Florianópolis

O material extraído das redes sociais da agremiação observa-se a seguir:

Nunca é tarde para voltar e buscar aquilo que ficou para trás. Esta ideia foi sintetizada pela sabedoria milenar dos Ashantis na figura de um pássaro, chamado Sankofa, que tem os pés firmes no presente, a cabeça voltada para trás carregando o ovo do passado no bico e lindas asas prontas para voar rumo ao futuro. Sankofa é o nosso movimento de reconstrução. Refazendo os caminhos do passado, a Embaixada Copa Lord se vê no espelho e identifica suas raízes na elegância dos passos de Terry, na sabedoria de Avez-Vous, no sorriso de Nega Tide, na irreverência do Noca e nas lições de Seo Teco.

A partir dessa autodescoberta, encontrando na saudade as forças para alçar grandes vôos, o enredo da Copa Lord para o carnaval de 2024 conta a história dos desfiles das Escolas de Samba de Florianópolis, em suas três grandes fases, desde a década de 1940 até os dias atuais. O título é inspirado em Fernando Pamplona, gênio do carnaval carioca, que sugeriu o enredo “Praça Onze, Candelária e Sapeca-aí” às carnavalescas Rosa Magalhães e Lícia Lacerda para o carnaval de 1982 do Império Serrano, posteriormente batizado de “Bumbum Paticumbum Prugurundum”. O nosso “Praça Quinze, Paulo Fontes e Nego Quirido - um manifesto pelas Escolas de Samba” é um chamado para a reflexão coletiva sobre o presente e uma evocação de memória crítica e autocrítica para voarmos na direção do futuro”.

A partir do extrato acima, a Embaixada Copa Lord pretende fazer dois movimentos distintos: unir passado, presente de olho no futuro, além de fazer um exercício crítico do que já se viveu para construir esse futuro com melhor qualidade para as agremiações.

Para tanto, trará à memória dos mais jovens os feitos passados, e personagens que outrora “abriram a picada” e pavimentaram essa estrada que hoje trilhamos no desfile das escolas de samba.

Pessoalmente compreendo como ousada e louvável a proposta, pois o imediatismo que se vive no mundo atual permite a facilidade em lançar ao esquecimento os feitos passados. O carnaval de Florianópolis, por exemplo, caiu no esquecimento de muita gente e poucas pessoas conhecem a história de suas agremiações, seus enredos e sambas antigos, pois criou-se um reducionismo em relação às escolas de samba, limitando-se a um evento da cidade, onde luxo e ostentação e patrocínios dão o norte a uma manifestação popular. Olhar para trás para resgatar o real sentido da existência das escolas de samba, visando um futuro mais promissor às agremiações é um grande desafio. Copa Lord mostra-se como uma voz que tem o condão de abrir olhos e ouvidos do sambista. Que reflexão!

Para contar essa história, a escola cantará o samba do renomado compositor e intérprete Mará, conhecido no carnaval de Florianópolis. O samba retrata a proposta, mantendo-se fiel à ideia do autor do enredista.  

Destaque para os versos “Gira baiana guerreira e mostrar ser verdadeira a herança dos ancestrais”, por entender que é o mais genuíno e próximo das origens das escolas de samba: as baianas. Tem um apelo ao emocional, principalmente por serem as baianas imutáveis no transcorrer dos anos.  Tudo se transformou, mas baianas permaneceram baianas.

Valerá à pena aguardar o desfile da Copa Lord. Torço para a proposta do tema ultrapassar os limites da passarela.

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